Não existe uma pessoa no mundo que não esteja por dentro dos recentes acontecimentos no leste europeu. Rússia e Ucrânia estão no centro das atenções mundiais devido a conflitos envolvendo interesses políticos e históricos. Neste sentido, os profissionais de marketing e redes sociais vão estudando sobre o impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia no marketing digital.
Para entender melhor sobre este assunto, é de suma importância identificar a motivação da Rússia por trás das invasões ao território ucraniano e, ao mesmo tempo, compreender a relação um tanto quanto interessante entre os dois países. Pensando nisso, decidimos fazer uma entrevista especial com Rafael Cupello.
Rafael é Doutor em História Política pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor em universidade e escola. Convocamos esta entrevista justamente para podermos ter uma visão mais ampla e entender onde o marketing digital se encaixa nas inúmeras consequências dessa guerra.
Por isso, se você quer compreender o impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia no marketing digital, não perca este nosso novo conteúdo e fique por dentro das notícias no nosso blog. Confira nosso novo artigo exclusivo e saiba mais sobre o assunto logo abaixo.
O que motiva a guerra entre Ucrânia e Rússia?
O primeiro passo para entender melhor as consequências dessa guerra é acompanhar as motivações políticas. No entanto, antes mesmo da política, ainda existe uma relação histórica entre Ucrânia e Rússia. Muitas pessoas não sabem, mas Kiev (capital da Ucrânia) foi local de início do Império Russo e, antigamente, sua capital.
Antes mesmo de Moscou crescer como cidade, Kiev já movimentava as principais bases econômicas e sociais do antigo império russo. Justamente por conta dessa relação histórica, muitos heróis russos estão enterrados na Ucrânia, como é o caso de Knyaz Vladimir, ou Vladimir I de Kiev, uma das principais personalidades históricas russas.
Por conta dessa união histórica, muitos russos ainda permanecem com essa sensação de pertencimento e, assim, têm dificuldade de assimilar a Ucrânia como um país independente e uma nação separada.
Outra questão são os laços familiares, já que grande parte da população russa tem sangue ucraniano na família. Assim como é comum conhecer brasileiros que são filhos ou netos de europeus, também é comum conhecer russos que são filhos ou netos de ucranianos, por exemplo.
Falando especificamente da ideologia política por trás desta guerra, Rafael Cupello explica que existe certa preocupação do governo Putin com a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em países próximos e/ou fronteiriços ao território russo.
“Não há uma única causa para o início dos ataques da Rússia contra a Ucrânia. Na verdade, é uma soma de fatores que vão desde o discurso nacionalista de Putin de resgatar a “Grande Rússia”, isto é, reunir os povos de característica eslava novamente, algo que remonta não a URSS, mas sim as próprias fronteiras do antigo Império Russo, e assim, retomar o papel central da Rússia no cenário internacional”, analisou o Doutor em História Política.
Ainda há um outro ponto a ser analisado e que vai de encontro com a rejeição da população russa que está contra essa guerra: a crise econômica vivida pela Rússia. Neste ponto, Rafael explica que especialistas apontam que Putin já vinha se preparando para um evento como este, tendo em vista as enormes reservas (cerca de US$ 630 bilhões) que o país possui.
Todavia, é um fato que as fortes sanções sofridas pela Rússia irão impactar fortemente a economia do país, o que pode gerar uma grande mudança na economia mundial e impactar os preços em todo o mundo – principalmente levando em consideração a exportação de petróleo e gás vindos da Rússia.
“Devemos ter em perspectiva que a mente de um autocrata está muito mais preocupada em atender seus próprios anseios de poder do que com impactos sociais sobre a população que governa”, lembrou Rafael.
O impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia no marketing digital
Ao falar especificamente sobre as consequências e o impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia no marketing digital, Rafael explica que as maiores consequências para as redes sociais na Rússia e no mundo seja o recrudescimento das Fake News nestes espaços.
De acordo com sua análise a respeito das características das redes sociais, o especialista explica que, como as redes sociais são muito rápidas em espalhar as informações, podemos ter um enorme desencontro de notícias, ou ainda, um olhar muito envesado sobre a guerra em si.
“Penso que no caso da Rússia, por se tratar de um governo autocrata, podemos ter o fortalecimento da censura das redes sociais como tentativa do governo em controlar a narrativa dos eventos”, analisou.
A censura envolvendo as redes sociais em um país como a Rússia pode abalar de forma significativa o alcance dessas redes e até mesmo a característica de conteúdos compartilhado nas mesmas.
Por isso, profissionais de marketing digital estão analisando essas mudanças e trazendo a tona novas tendências para o setor a fim de evitar a perda de assertividade em campanhas pagas, por exemplo.
Mesmo assim, se por um lado as mídias sociais sofrem com a censura e a perda de algumas características, elas ainda ganham muito destaque por ter um papel de essencial neste cenário: como espaço importante de denúncia de ações promovidas pelas autoridades russas ou até ucranianas no desenvolvimento da crise.
Para garantir que este papel seja cumprido de maneira assertiva, as autoridades globais precisam discutir a respeito da regulação das redes sociais. Este ponto é defendido por Rafael Cupello, que chama atenção para o uso da palavra “regulação”.
“Quando digo regular não é censurar, mas sim termos regras claras de funcionamento e responsabilização para aqueles sujeitos que usam destas mídias para propagar desinformação e crimes políticos”, complementou o professor.
Rafael defende que este debate sobre a regulamentação das redes sociais precisa ser muito bem elaborado e transparente, para que não se torne um espaço censurado por governos autocratas como o russo, por exemplo. Este é um ponto importante para destacar, principalmente porque a Rússia tem histórico de tentativas de controle do conteúdo postado nas redes sociais.
Se este tipo de comportamento se popularizar entre os principais governos que seguem os ideais de Putin, o poder das redes sociais como fonte de alcance de público e compartilhamento em massa de conteúdo pode ser perdido com o tempo, principalmente porque tudo tende a ser analisado previamente para aprovação, o que impacta diretamente o marketing digital, sobretudo a gestão de redes sociais.
“Quando qualquer governo busca controlar o uso das plataformas, ele busca cercear a liberdade de expressão das pessoas, portanto, ter o controle da narrativa, isto é, do acesso as informações”, comentou o especialista. Uma consequência forte deste tipo de atitude pode ser a saída em massa dos usuários de plataformas sensíveis a este tipo de censura.
Falando especificamente no impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia nas vendas das empresas, Rafael explica que especialistas do setor financeiro e econômico já projetam grandes impactos em setores como alimentos e bebidas, pois os dois países em conflito respondem por cerca de 30% das exportações globais de trigo e quase 20% de milho.
Além disso, ele conta que é esperado uma valorização do petróleo e gás, cujos preços devem continuar em alta, tendo um impacto direto e indireto na inflação brasileira. Ou seja, o mercado mundial, seja digital ou não, vai sofrer as consequências dessa guerra e, por isso, é essencial ficar por dentro das tendências e dicas de marketing, que devem mudar cada vez mais e ainda mais rápido.
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